Vista do Cristo (Rio de Janeiro)

Vista do Cristo (Rio de Janeiro)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Espetáculo da vida


Na escuridão da noite
eis que nasce o sol
uma cortina se recolhe
frente ao espetáculo da luz
os móveis da sala se calam
as flores recobrem o esplendor
as plantas choram de alegria
e a terra se umedece
ao ver que se aproxima
como uma suave brisa
o nosso Salvador.
Edvanio, sf

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O pó-nosso-de-cada-dia


No quarto, enquanto limpava os móveis do pó-nosso-de-cada-dia, eu ri. É pura verdade! Não que o pó cause em mim acesso de risos. Mas é que me lembrei da tarefa inútil que realizava e reclamava. Este, segundo o nosso amigo Aurélio, “tenuíssimas partículas de terra seca, ou de qualquer outra substância, que cobrem o solo ou se elevam na atmosfera”. O pó não sedia. Embora não o via, a não ser horas após a suada limpeza. Deus é como o pó. Ele chega por onde menos se espera: pela janela, pela tela, pelo telhado até pelo sapato. Não adianta negá-lo. Deus lá está. Sua Graça, de graça nos abraça. Podemos aceitá-Lo e amá-Lo, fazendo-nos faxina necessária. Ou, vegetarmos com uma capa protetora. Empoeira-me Senhor. Embora não O veja, seu Espírito paira pelo ar. Deixemos que a ação deste pó invada as narinas e provoque em nós espirros mil. Expelindo de nossa vida, a auto-suficiência e a descrença no Deus que nos fez e nos fará voltar ao pó. Acreditemos nEle, mas não transformemos nossa vida em pó, caso contrário, podemos ser sugados pela grande invenção humana o hiper-moderno aspirador, já que sem Deus somos menos que uma ridícula partículas. Com Ele de certo, um ciclone no deserto.
Neste Natal deixemos que o Menino-Deus, como a poeira fina, desça sobre nós e nos faça com suas “Partículas de Graça”, seres humanos mais “móveis” aos desígnios do Pai. E, nos mobilizemos em favor daqueles que “imóveis” sofrem sem a poeira da vida.
Feliz Natal!
Edvanio, sf

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Natal em 36 prestações


Ao andar pelas ruas da cidade foi possível evidenciar aquilo que insistia em não acreditar. Seqüestraram o Natal !!! E se o quisermos de volta um alto preço há que se pagar.
Nestas andanças, se pode ver de tudo... desde botas, chapéus, bolas, roupas vermelhas, renas, guirlandas, propagandas, propagandas, propagandas e mais propagandas que inocentes se propagam numa profusão de cores, sons e imagens a uma interatividade que causa espanto, principalmente na conta do banco. É o natal! Como bem frisou um senhor, ‘quando ele chega agente fica louco’. Pessoas numa loja disputavam a tapas uma liquidação imperdível, que as deixava fora de órbita, afinal onde se poderia encontrar papai Noel como aquele, oferecido em somente 36 prestações sem juros, escutou bem, sem juros. Que “canta, mexe e remexe, da nó nas cadeiras, deixando a moçada com água na boca”.
Quanto ao seqüestro, poucas pistas nos foram dadas, será que teremos que acionar o BOPE? Criar mais uma CPI? Ou ainda, recorrer ao FMI? Na verdade não se sabe. Diante de tudo isso, só há uma certeza: Tenho muita saudade do Natal. Não deste falsário que circula por ai de barba branca – amigo do consumismo. Falo de outro, que não obstante a divindade se fez homem, aquele que sendo Verbo é capaz de conjugar todas as pessoas num só tempo e espaço, ao redor duma mesa que santifica e alimenta. Natal onde o Presente, é gente como a gente. Não se vende, se doa – de pessoa para pessoa.
Por essa razão é que vos escrevo. Na esperança de que os insensíveis seqüestradores, adoradores de presentes (estando estes ou não em liquidação), estejam cientes da maldade causadas a toda essa gente, privando-as desta Presença. E, alertar para aqueles que souberem do paradeiro ou do cativeiro, denunciem, ou melhor, anunciem aos quatro cantos da terra que Ele quer aparecer, nascer, nos fazer crescer, embora muitos façam questão de esquecer. Quanto à recompensa, podem ficar tranqüilos, se paga muito bem! Nem que para isto o Natal tenha que ser pago em 36 prestações.


Edvanio, sf. - (Natal de 2007)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Aquela cena sempre rolou!



“O Natal está chegando!” diz, convincentemente, um anúncio televisivo. Que natau é esse?? Pergunta Joãozinho ao pai, que se encontra ao lado, e não responde. O filho, curioso, pergunta mais uma vez, e acrescenta; ele irá visitá nóis papai? A mãe, preocupada com aquela situação embaraçosa, interfere, dizendo: Filhinho, vai brincá lá fora com seus amiguinho e deixe seu pai em paz. Aquela cena ecoou, não só naquele instante, mas por muitos e muitos anos. Embora o filho, insistentemente, tentasse mudá-la. Até hoje não obteve resposta. Talvez, porque o pai não tivera suficiente coragem para dizer, filho, nós somo pobre, o natal só chega pros rico. Por trás de um forjado silêncio e de um “vai brincar lá fora”, provavelmente, se escondia um pai e uma mãe, envergonhados por não poderem comprar, ao menos, um sapato novo para o filho, já que aquele se desgastara de tão velho. E, de nem tampouco poder preparar um digno jantar, a base de feijão, arroz e carne. Esta era a cena que, incansavelmente, rolava todos os anos, já que o deus esperado tinha outro nome e exigia um berço esplêndido para o seu nascimento. O estábulo não servia. Felizmente, o “deus do consumo” nesta casa nunca pôde habitar. Não por serem pobres, mas porque nela outro Deus teimava em nascer. Embora não enxergassem, o Natal sempre os visitou, ou melhor, ele sempre aconteceu. Sabe porquê? Porque naquelas noites uma cena sempre rolava: O pai, a mãe e o filho, juntos repartindo com amor a última migalha de pão da mesa farta do patrão.
(Edvanio, sf. - Natal - 2006)