Vista do Cristo (Rio de Janeiro)

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sábado, 19 de abril de 2008

Contei até dez


Naquela noite parei de me preocupar. Resolvi me ausentar, sumir... me omitir. Afinal, os problemas do mundo não eram meus, eram teus, de Deus. Eu sou só eu, só eu e ponto final. A corrupção e as guerras, o lixo e o fim da primavera, o globo cada vez mais quente, a fome de tanta gente, a escassez de sementes e dos bons sentimentos. Que dessem um tempo. Eu já tinha meus próprios tormentos. Se a vida é tão era cara, para que expô-la por ideologias que não levam a nada. Muito menos dá-la de bandeja para aquele que apareça mendigando que eu no meu mundinho fosse benfazeja. Dali em diante, vivi só para mim! Gastando minhas preciosas horas contemplando meu próprio umbigo. Esqueci até os pronomes oblíquos... Só restou a mim, estava sempre comigo e sem amigos. Possuía-me e, tudo isto bastava, me consumia... De uma hora pra outra, senti uma mão puxando o lençol. Era meu pai anunciando com firmeza de voz que o dia já nascera e, que havia muito serviço lá na feira. Sem muito entender, só por obedecer, desci da cama e como se algo pressentisse, não resmunguei, contei até dez e interiormente respondi: Pai, eis aqui o teu servo!
Edvanio, sf.

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